sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Cefaleia


quando a luz te cega,
o breu é o conforto
de um som que não se cala.

martela, lateja... lateja, martela...

uma dose de solução.
um frasco.
um silêncio ensurdecedor

que ensurdece
a
dor.

terça-feira, 6 de agosto de 2013

O que eu não escrevi

Outra noite. Papel, caneta e... Eu? Não tenho certeza se sou eu realmente quem escrevo, já que, por muitas vezes, não escrevo o que penso e, por tantas, não penso no que escrevo.

Penso naquilo que não escrevi e tudo que deixei passar. Lapsos noturnos. Pensamentos vagos. Saudades reprimidas. Vontades. Desejos. Raiva... De ideias complexas ao por-do-sol. Todas as vezes que a caneta cedeu e o papel ficou em branco.

Penso em falar sobre o não dito. E talvez o não pensado. Quero a tinta que se perdeu nas entrelinhas do tempo e o papel que se foi com o vento. Mas não tem volta. Não tem volta porque o escrito de hoje não é o mesmo de ontem. E o escrito de amanhã não será o mesmo de hoje. A mesma frase tem diferentes sentidos em dias distintos.

O por-do-sol, aquele que eu tanto admiro, não é o mesmo no dia de chuva. O sorriso, de final de beijo, não é o mesmo quando para a pessoa errada. O olhar, sincero, não é o mesmo atrás do óculos escuro. E as palavras nunca serão as mesmas quando silenciadas.

Releio. Disse, não disse e disse o não dito. O que não era para ser dito, embora nunca pensado. O avesso das palavras. O pensamento do nada, o sentimento do tudo. O silêncio que grita. A alma que fala.

Antes dito... Que silenciado.