quarta-feira, 1 de julho de 2015

Um companheiro chamado tédio

Tenho tédio. E, embora faltem horas no meu dia pros inúmeros compromissos, sobra-me espaço nessa cabeça cansada de assuntos diários, automáticos... Entediantes.
Tenho tédio da falta do café nos dias de chuva, regado a boas discussões sobre filosofia, história ou sobre o nada. Sim, até o nada me parece menos enfadonho que a rotina. Até a solidão me parece menos entediante que uma multidão de rostos estampados de sorrisos amarelos, encardidos. Encardidos pela poeira da obrigação social de sorrir, arrastada por décadas. Confesso, às vezes tenho preguiça até de sorrir.
"Mas...". Mas, mas, mas o quê? Não, antes que pense, não sou aquela pessoa rabugenta que absorve as energias do ambiente em que está. Só acho um tanto de cinismo mostrar os dentes antes do primeiro café (e se você não precisa dele, palmas).
A verdade é que somos movidos pelo tédio e, por isso, tão chatos e previsíveis (sim, você também é, assim como eu). Tão previsíveis que, mortos de tédio, vemos TV, tomamos café, discutimos política, lemos um livro, abrimos uma cerveja... Com leves variações, somos todos enfadados e enfadonhos.
Mas, se nem a chuva cai sempre do mesmo jeito ou no mesmo lugar, por que temos que ser repetidamente a mesma pessoa a cada dia que acordamos?

Tenho tédio. E de tanto tédio... Escrevi.

- LF