quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Sobre covardia e infelicidade


Um homem nunca poderá ser completamente feliz, pois se um dia encontrar a felicidade plena, perderá a razão de ser.
O sentido da vida de um ser humano está pautado em sua eterna busca pela felicidade. Se atingir seu objetivo, sua existência perde o sentido, logo, restam apenas duas soluções: a morte ou o retorno ao estado de infelicidade. O indivíduo está, portanto, condenado a ser infeliz.
Dentro da infelicidade constante existem momentos de catarse, que podem ser chamados de “estado de euforia”. Acontece quando se alcança temporariamente algum objetivo que nos causa satisfação. Então, quando se está supostamente feliz, não houve um encontro com a felicidade de fato, mas um momento satisfatório que proporciona êxtase ao homem.
Um dos elementos considerados essenciais pelo próprio ser humano para ser feliz é a estabilidade. Busca-se estabilidade financeira, emocional, social como meio de se obter felicidade/satisfação. Nesse sentido, toda e qualquer ação que desestabilize essa homeostase comportamental é vista como ameaçadora, gerando o medo da mudança, tornando o homem covarde.
Desse modo, a relação covardia-infelicidade é mútua, onde o medo de mudar é o motor do insucesso humano. A alteração do hábito tem como justificativa o “medo de dar errado” ou a comodidade do “deixar como está para não causar problemas”, o que não passa de uma máscara de pseudofelicidade estável fadada ao tédio, insatisfação e consequente infelicidade disfarçada.
Nesse ponto é que surge aquela sensação de “eu estou bem, mas falta algo”. E falta. Falta coragem para encarar a desestabilidade de ser feliz.
Sendo assim, o homem nunca será feliz, por ser covarde.

Um estranho de si mesmo

- Onde estou?
- Como assim? Não reconhece o lugar?
- Perai, quem é você?
- Vamos lá John… Pare com isso.
- John? Quem é John? Acho que houve algum engano.
- Não há engano nenhum.
- Oi amor, você já vem?
- Quem é ela?
- Sua mulher, não se lembra?
- Não lembro nem você, quanto mais lembrar que eu tinha mulher.
- Haha… Acontece. Sempre acontece.
- Posso saber o que é que tá acontecendo?
- John, pare de se preocupar. Viva.
- Primeiro: meu nome é Joe, por favor, me chame assim.
- Tá, como quiser, mas você é o John, aceite isso. A propósito, pare de piscar, não espere acordar porque você não está dormindo.
- Se não estou dormindo, que é que houve?
- Isso é você quem tem que descobrir… Agora vá, sua mulher está esperando.
- Não é simples assim, eu preciso de respostas não acha?
- Encontre-as sozinho, deixe de ser alguém que só repete respostas, passe a formulá-las com suas ideias.
- Tá, eu vou… Mas como ela chama?
- Tente lembrar-se, eu posso lhe falar nada.
- Mas e seu nome?
- Haha, você definitivamente não sabe nada mesmo, pobre coitado. Agora vá, ande logo.
- Eu vou, eu vou…
E ele nem sequer levantou, caiu. Desmaiou. Acordou no hospital. Ouviu uma voz no fundo: “Joe, Joe…”. Ficou feliz por ser de novo ele mesmo. Levantou-se e olhou no espelho, era muito mais John do que Joe. Já não sabia se era sonho ou realidade, nem ao menos sabia quem era. Pela primeira vez teve medo de fechar os olhos novamente…

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013