quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Um estranho de si mesmo

- Onde estou?
- Como assim? Não reconhece o lugar?
- Perai, quem é você?
- Vamos lá John… Pare com isso.
- John? Quem é John? Acho que houve algum engano.
- Não há engano nenhum.
- Oi amor, você já vem?
- Quem é ela?
- Sua mulher, não se lembra?
- Não lembro nem você, quanto mais lembrar que eu tinha mulher.
- Haha… Acontece. Sempre acontece.
- Posso saber o que é que tá acontecendo?
- John, pare de se preocupar. Viva.
- Primeiro: meu nome é Joe, por favor, me chame assim.
- Tá, como quiser, mas você é o John, aceite isso. A propósito, pare de piscar, não espere acordar porque você não está dormindo.
- Se não estou dormindo, que é que houve?
- Isso é você quem tem que descobrir… Agora vá, sua mulher está esperando.
- Não é simples assim, eu preciso de respostas não acha?
- Encontre-as sozinho, deixe de ser alguém que só repete respostas, passe a formulá-las com suas ideias.
- Tá, eu vou… Mas como ela chama?
- Tente lembrar-se, eu posso lhe falar nada.
- Mas e seu nome?
- Haha, você definitivamente não sabe nada mesmo, pobre coitado. Agora vá, ande logo.
- Eu vou, eu vou…
E ele nem sequer levantou, caiu. Desmaiou. Acordou no hospital. Ouviu uma voz no fundo: “Joe, Joe…”. Ficou feliz por ser de novo ele mesmo. Levantou-se e olhou no espelho, era muito mais John do que Joe. Já não sabia se era sonho ou realidade, nem ao menos sabia quem era. Pela primeira vez teve medo de fechar os olhos novamente…

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