sexta-feira, 7 de março de 2014

Sobre amores invisíveis

Aconselho que o texto seja lido com a trilha do filme 'Her', no qual foi inspirado.


A chuva caía do lado de fora e, aos poucos, o som das gotas de água povoavam a mente como música. Sentia o cheiro da chuva e ela lavava os pensamentos, um a um. Sem me tocar, ela estava comigo. Eu amava dias chuvosos.

Sentir... Enxergar além dos olhos, ver com a alma. O pulsar do coração na garganta. O dizer sem palavras para exprimir. Ser. Existir... Sentir.

No mundo material de hoje, ama-se o palpável, ama-se o visível, ama-se o confortável. E não se sente.
Sensibilidade. A habilidade de sentir. Tocar com a mente. Conectar-se com o nada. Amar uma voz, uma lembrança, um sonho. Amar a essência.

Solidão. O vazio de ver rostos e nunca encontrar o seu. A composição do nada a partir do misto de sensações repletas de imagens intocáveis. Todo ser humano é solitário. E deve ser. Reconhecer no silêncio o grito do seu eu. Amar além daquilo que você vê no espelho.

E sua felicidade: é de pronta-entrega ou é você quem constrói? Encher-se do invisível e ter coragem para encarar a felicidade. Coragem. Superar o medo do novo. Não estar feliz, SER feliz.

Finalmente, o amor... O que é amor? No filme, a definição que mais me tocou, até hoje: amor é única forma socialmente aceitável de insanidade. O intangível. O invisível. O indissociável. O tremer de dor. O gargalhar de alegria. O lacrimejar de saudade. O ser louco para ir além do que se espera do mundo, do que se espera de você.

A insanidade de sentir o que ninguém mais pode ver.