No momento em que a noite me sorriu, o dia se pôs lindamente. A lua saltitava de felicidade. E eu sorria de volta. Uma trilha sonora para escrever: Beethoven. Sim, música clássica. Seus altos e baixos combinavam tanto com meu lapso de inspiração.
Aquela boa inspiração de querer escrever o nada. E relatar o vazio. Um estado de felicidade com uma música triste. O dúbio sentimento de chegar e partir.
Beethoven.
Lentidão. Silêncio. Piano. Fecho os olhos. Preto e branco. Todas as dores, as saudades, os nós do peito. Voo baixo, com as asas amarradas de solidão. A sensação de não saber onde está ou o que procura. A alma trancafiada no corpo.
Beethoven.
Crescente... Orquestra! A mente se abre. Uma explosão de ideias e sensações. As paisagens se colorem e os pássaros cantam. Voar, enfim, voar. A liberdade de ser o irreal do inconsciente. A alma solta no mundo do sonho.
Aplausos.
Olhos abertos. A realidade diante de si. Realidade? Transtornos musicais da mente... Já não se sabe mais distinguir o que ouviu do que viveu.