Me olhei no espelho. Os olhos já não eram mais os mesmos. O rosto tinha marcas do tempo. A expressão denunciava o pensamento.
Apaguei a luz. No escuro tudo é mais fácil. Nele, não se via presente ou passado, não se enxergava os traços impiedosos já calejados.
Fechei os olhos. Liguei a mente. Lembranças, imagens e situações. Tudo como um filme, passado lentamente na ordem e forma que eu quisesse ou imaginasse. No escuro silencioso do pensamento gritante, tudo é mais bonito. Não há mudança provocada pelo tempo que altere as lembranças boas. Imagens e retratos são imutáveis... E mais amáveis.
Aos poucos a consciência se desfazia. Os sons, cores e pensamentos iam ficando cada vez mais distantes. A respiração se tornava regular. Desliguei meu corpo.
Acordo. Os olhos estão marejados. Não existe resquício de devaneios noturnos. Algo subconsciente me fez chorar... E talvez eu nunca descubra o que ou o porquê.
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